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segunda-feira, 23 de março de 2009

Um Caso Real...

Não é fácil ser-se sobredotado...

Assim que entrou no infantário, aos três anos, Gaspar revelou ser uma criança diferente. A mãe ficou surpreendida quando o ouviu queixar-se: «Os meninos lá só brincam!». Durante 15 dias, chorou e pediu para ficar em casa, até que Maria de Lurdes Machado desistiu e optou por ser ela a tomar conta do filho. Aos cinco anos, Gaspar conhecia de cor os ossos dos dinossauros e ia para a praia à procura de fósseis. Era muito apegado à mãe e não queria brincar com as outras crianças. No 1.º ano não teve dificuldades na escola, mas no segundo tudo mudou: começou a rejeitar a escola. Os pais assustaram-se, sem saber o que fazer. Aconselharam-se junto da professora que os tranquilizou - o Gaspar aprendia mais depressa que as outras crianças e por isso aborrecia-se nas aulas. Com 10 anos, só a oferta de um computador o persuadiu a ir às aulas. Hoje, elucidados, os pais entendem a reacção de Gaspar: «Tudo o que é novo, ele rejeita», explica o pai. E a mãe completa: «Tem a mania que aprende sozinho, que é autodidacta». A suspeitas da mãe relativamente à possível sobredotação do filho confirmaram-se, mas a situação pouco melhorou. A ausência de sociabilidade e os problemas escolares de Gaspar levaram os pais a procurar ajuda junto de uma psicóloga. Esta concluiu que ele é superiormente sobredotado e adiantou que «ele pensa como um adulto mas reage como uma criança». A sua parte emotiva está atrasada, derivado ao facto de Gaspar ser um sobredotado cognitivo. Gaspar não fez amigos e anda sozinho. A sua maior companhia é o computador do escritório do pai. Durante os intervalos e depois das aulas, encontra ali o seu refúgio, navegando pela Internet. Os professores não percebem nem aceitam a atitude do aluno: «A postura dele é arrogante, dizem os professores que pensam que ele está a desafiá-los», resume o pai: Amaro Machado explicou a situação à Directora da escola e falou com alguns docentes, mas o filho continua a ser penalizado por alguns professores, que não têm preparação nem sensibilidade para a área.
Os sobredotados, fisicamente iguais a qualquer outra pessoa, não são visíveis. A maioria das pessoas - incluindo os educadores - julgam que se eles têm uma inteligência superior, não podem ter dificuldades na escola, o que nem sempre acontece. Além disso, não há uma
legislação que ajude estas crianças e jovens a ser tratados consoante o seu perfil.
Como Gaspar, existem cerca de 50 mil crianças sobredotadas em Portugal. A maioria delas não foi identificada, o que indicia a negligência de que são alvo, sobretudo por falta de informação. Sem apoio na escola nem compreensão em casa, as crianças são as maiores prejudicadas.
Quem são os melhores amigos de Gaspar? O mais próximo é o computador, depois o cão e a gata, por fim o David, um amigo de 17 anos. Que mais se pode dizer?

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